sábado, 13 de março de 2021

ÉTICA UTILITARISTA DE STUART MILL


Vamos nesta descrição destacar quatro críticas que podem ser feitas à proposta ética de Stuart Mill, o utilitarismo.
O utilitarismo legitima distribuições desiguais
Imaginemos duas educadoras de infância que decidem fazer um bolo para a turma de cada uma delas. A Educadora de Infância da turma A faz um bolo banal, mas estima bem as quantidades e todas as crianças comem bolo, ficando moderadamente agradadas. A Educadora da turma B faz um bolo verdadeiramente excelente, mas engana-se nas quantidades e apenas dois terços da turma comem bolo, ficando contudo em verdadeiro êxtase, pois trata-se do melhor bolo que aquelas crianças já comeram na sua curta vida. Ora, o acréscimo de felicidade geral parece ser maior na turma B; contudo, a distribuição mais igualitária é na turma A. O esquema de pensamento utilitarista parece falhar ao não ter em conta critérios de equidade no seu cálculo da felicidade geral.
O utilitarismo permite o sacrifício das minorias
Imaginemos uma aldeia em que 95 % da população ganha a convicção profunda – mas falsa – de que os 5% da população que têm olhos verdes são um clã secreto de feitiçaria violenta. Ora, para os 95% da população, a felicidade só poderá ser alcançada se forem sacrificados os 5% da população que a referida maioria receia. A prioridade dada à felicidade geral, sem cláusulas de salvaguarda, faz com que o pensamento utilitarista pareça permitir o sacrifício de minorias em prol de maiorias.
O utilitarismo exige uma imparcialidade excessiva
A moralidade de uma ação, para o utilitarismo, fixa-se nas suas consequências. Isto envolve um cálculo. Ora, se queremos usar o utilitarismo na vida concreta, este cálculo assume um caráter previsional. E é precisamente aqui que pode estar sujeito ao erro, pois muitas vezes pensamos que as consequências da nossa ação vão ser umas, verificando-se depois consequências imprevistas.
Imaginemos um carro em que circula uma família de três pessoas. De súbito, o/a condutor/a apercebe-se de que, mesmo à sua frente, uma família de cinco pessoas atravessa a rua. O/a condutor/a percebe que não conseguirá travar a tempo; mas, se se desviar, bate contra uma parede, colocando em risco os que vão no automóvel. A perspetiva utilitarista recomendará, aqui, a salvação da família de cinco pessoas, meramente porque são mais – mas não será demasiado exigente ignorar critérios como a lealdade e a proximidade afetiva?
O utilitarismo pressupõe um cálculo muito difícil
A moralidade de uma ação, para o utilitarismo, fixa-se nas suas consequências. Isto envolve um cálculo. Ora, se queremos usar o utilitarismo na vida concreta, este cálculo assume um caráter previsional. E é precisamente aqui que pode estar sujeito ao erro, pois muitas vezes pensamos que as consequências da nossa ação vão ser umas, verificando-se depois consequências imprevistas.

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